Argumentum ad ignorantiam

No artigo "Argumentum ad ignorantiam", o autor inicia uma série de reflexões sobre o livro "Cartas de um diabo a seu aprendiz" de C. S. Lewis. O autor comenta a primeira carta do livro, na qual Maldanado instrui seu sobrinho sobre como lidar com o paciente em relação às suas leituras materialistas. São destacadas as estratégias de utilizar sofismas e jargões para confundir em vez de argumentar, e a relativização de doutrinas. O autor explora o poder da confusão e da ignorância como artifícios demoníacos, e questiona o papel da lógica e do raciocínio na influência sobre o pensamento humano. O texto sugere uma jornada intelectual e revelações sobre o poder do conhecimento e da manipulação.

PESSOAL

Nilson Santos

6/26/20232 min read

Olá, caro amigo leitor!

Há muito tenho me afastado de escrever e dar minhas opiniões sobre qualquer assunto que seja por considerar que talvez não fosse o momento adequado. Agora pois, tentarei a partir desta serie inicial retomar o diálogo e o raciocínio outrora proposto, visando sempre o desenvolvimento e a atividade do intelecto afim de que possamos nos manter envolvidos nas atividades que nos tornam mais conscientes do nosso mundo e do nosso tempo e, se pela permissão divina nos for concedida tal honraria, guiar amigos, familiares, ou ainda, pessoas em quem temos grande estima, de consciência sopitada pela grande circulação de desinformações e incultura nos meios de comunicação.

Para começarmos então, trago meus comentários acerca do livro “Cartas de um diabo a seu aprendiz”, autoria de C. S. Lewis.

CARTA I

A primeira carta do livro, remetida por Maldanado a seu sobrinho Vermelindo é uma instrução sobre como o jovem demônio precisa lidar com o seu paciente acerca de suas leituras recentes. Deduz-se que a referida literatura é dotada de linhagem materialista, contudo, a lógica utilizada na construção dos argumentos é algo a ser evitado pelo jovem demônio, porque a argumentação não é um meio utilizado para o convencimento, ou ainda, o suposto “ensino” do paciente.

Uma verdade chocante apresentada no título de 1942 é a de que, até hoje somos apresentados a dúzias de filosofias controversas que pairam sobre nosso pensamento e que, possivelmente por desleixo ou comodidade, não as sujeitamos ao filtro da razão e simplesmente as introjetamos no nosso modus operandi que, nada mais é, do que resultado de tais pensamentos. De maneira superficial, o pensamento, quando submetido a análise lógica e ao exercício da razão, gera por consequência um sentimento, e este sentimento promove uma ação; por conseguinte, o pensamento é a força motriz da ação tendo como combustível o sentimento.

Nesse sentido, sofismas e jargões são recomendados em lugar dos argumentos pois a confusão é a principal artimanha que deve ser utilizada por Vermelindo. As doutrinas de antigamente eram observadas e categorizadas como verdadeiras ou falsas. Hoje, pela relativização comum de todas as coisas e pelo trabalho efetuado em cima da linguagem para a inépcia popular, as classificações ficam nos termos de “acadêmicas” ou “práticas”, “ultrapassadas” ou “contemporâneas”, “convencionais” ou “opressoras”, empregadas conforme os termos sobreditos, pelo simples fato de sua circulação nos veículos midiáticos e raramente posto a prova sobre a veracidade de seu conteúdo.

Dessa forma, a confusão e a ignorância são os artifícios que nos prendem as atividades apetecíveis e sustentadoras das investidas demoníacas, fazendo que, sem darmos conta, trilhemos contentes e a cantarolar, o caminho da perdição. Para os demônios é fatal tocar em questões universais. Quando detemos a nossa atenção em percepções sensoriais imediatas, perdemos de vista aquilo que - para além desse tempo, desse mundo e dessa vida - realmente importa.