Aletheia

Nesta publicação é abordada a importância de buscar a verdade na prática do dia-a-dia, com base nos fundamentos da filosofia grega e no princípio do realismo. O autor destaca a liberdade e tranquilidade que vem de estar certo em suas convicções, utilizando o pensamento crítico como filtro para as opiniões alheias. Ele enfatiza a necessidade de agir em verdade, enfrentando as situações de forma objetiva e buscando soluções. O texto conclui ressaltando a importância de ser honesto consigo mesmo, reconhecendo as próprias falhas para permitir o desenvolvimento pessoal.

4/19/2022

Quanto mais prática, melhor...

Quem nunca assistiu o filme matrix quando adolescente (ou foi apresentado ao tema nas aulas de sociologia) e ficou se perguntando: será que isso é real? o que é a verdade? ou qualquer outra coisa do tipo. Minha ideia aqui não ficar sendo o “teoricão”, o foco aqui é falar de parâmetros para a prática do dia-a-dia. Talvez isso seja até um reflexo das coisas que aprendi com o Exército Brasileiro, mas quanto mais prática for a ideia, melhor.

Acredito que hoje em dia, talvez de uma maneira mais implicita, a verdade tem sido colocada a prova de diversas maneiras nas mais diferentes áreas. Todo mundo acredita ter uma verdade, ou ao menos conhecer as características verdadeiras dentro dos assuntos do cotidiano.

Hoje, eu quero compartilhar com você o princípio pelo qual eu tenho movido os meus passos já no início deste caminho para a terceira década de vida, com o intuito não de apresentar à você a minha verdade como absoluta, mas sim de um modelo capaz de lhe dar muito mais liberdade, e resultados significantes a partir desta.

Fundamentos da filosofia grega

Se você nunca se permitiu ler alguma das obras milenares da humanidade, sem ser a bíblia*, você está deveras desatualizado e muito provavelmente desinformado sobre os anseios que são próprios dos homens e não apenas dos adolescentes sensacionais que querem um prêmio apenas por existirem e postam no Twitter toda vez que abrem a porta da geladeira.

Quando eu percebi que ficar divagando ideias na minha cabeça e ficar extremamente ansioso por causa delas não me levaria a lugar nenhum, eu pensei que deveria existir alguma coisa além, pensada por alguma outra pessoa, que pudesse me ajudar a sair desse labirinto mental e começar a viver e realizar as coisas de fato. Foi aí que eu conheci o Realismo.

EXCELENTE SEMANA

Realismo

O realismo é um movimeto artístico e literário que surgiu em meados do século XIX, na frança, que propunha um olhar mais realista sobre as coisas que existem e as relações humanas, sendo assim, uma oposição ao olhar romântico e idealizado da vida. (Não se iludam, esse é o resumo do Wikipédia).

Falando agora da minha rotina, o realismo apareceu na filosofia de Aristóteles, que colocou em voga a vida mais prática e o valor e a virtude para além do mundo ideal (diferentemente de como Sócrates colocava). As coisas que são praticadas remetem aos fundamentos, da razão e do modo como são praticadas, e a partir do aprimoramento das práticas é que vamos nos aproximando cada vez mais daquilo que é verdadeiro, ou seja, do ideal.

A liberdade por trás da certeza

Estar certo daquilo que se pensa te dá uma liberdade e tranquilidade porque, a opinião do outro, seja no seu saber ou o ignorância, não pode simplesmente te atingir sem antes passar por um filtro, que a gente pode chamar aqui de análise, ou ainda, pensamento crítico.

Vamos supor que você vá ao mercado pela manhã comprar uma caixa de leite. E ali, ainda um pouco sonolento, enquanto você espera na fila do caixa alguém chega até você e te avisa que as suas calças estão rasgadas na parte de trás. Você agradece e imagina num primeiro momento que seja apenas um pequeno rasgo, mas ao investigar um pouco mais percebe que a costura inteira se rasgou, e graças as suas roupas íntimas você não ficou completamente desnudo em público.

Possivelmente isso seria motivo de vergonha para muitas pessoas. E de fato o é. Mas isso, para a grande maioria, seria fato suficiente para acabar em um dia inteiro de mau humor. Só que olhando de um ponto de vista mais objetivo e realista, temos neste caso apenas uma situação (calça rasgada) e uma solução (ir trocar as calças em casa).

  • Há motivos para um estresse maior? Não.

  • Você sabe quantas pessoas viram suas calças rasgadas? Não.

  • Isso realmente importa? Não.

E isso se aplica a muitas outras áreas da vida. Em relacionamentos onde você não está mais satisfeito com as coisas como estão, o primeiro passo é ser sincero consigo mesmo. O segundo passo é ser sincero com o outro, e a partir daí (1) buscar uma solução juntos ou (2) encerrar a relação para que ambos tenham a oportunidade de procurar por algo que lhes pareça melhor. E se o melhor for retornar ao que se tinha antes do término da relação? Ótimo! Desde que seja algo verdadeiro, racional e voluntário (é óbvio que em relações humanas, principalmente as conjugais, temos o sentimento que deve sempre ser levado em consideração, mas aqui estou considerando os fatos em si que geram os desgastes das relações no convívio cotidiano).

Se você não está mais contente em trabalhar em algum lugar independente de qual seja, você pode (1) negociar com os seus superiores afim de chegar em algo que fique bom para ambos, ou (2) se qualificar e progredir para uma próxima empresa ou área na qual você melhor se adapte.

Na educação que é dada nas escolas hoje em dia, muito se fala sobre as coisas não serem preto no branco (digo isso porque também foi passado pra mim esse tipo de ideia nas salas de aula). E talvez o que eu escrevi acima pode parecer que eu estou dizendo que independente da situação, ou você faz “A” ou “B”, mas não é esse o ponto em questão aqui.

É claro que haveria ainda várias possibilidades de escolha dentro dos temas citados anteriormente, entretando a necessidade da ação mediante qualquer situação deve ser sempre o mais importante, pois é isso o que de fato vai levar você em direção da realização.

Ficar reclamando do namorado que não lhe dá atenção, do chefe que te trata mal, da empresa que não lhe paga bem, do presidente que é um mentiroso, do pastor que infiel, do professor que age de maneira injusta, ou de qualquer outro assunto, não vai tirar você da situação em que se encontra. A única coisa que pode fazer isso por você é você mesmo com as suas próprias atitudes (caberia aqui um espaço para nós aprofundarmos no assunto responsabilidade, mas isso eu vou deixar para uma outra segunda).

O genuíno ato de agir

Em resumo, o que eu quero dizer aqui é que fazer as coisas em verdade te liberta dos achismos que no final das contas não vão te levar a lugar nenhum. Ser honesto consigo mesmo e saber das suas falhas é justamente o que vai permitir que você se desenvolva nesses aspectos.

Talvez eu tenha demorado um pouco pra aprender essa lição, mas quando você é convicto ao errar, e está disposto a aprender a fazer o que é certo, no dia em que houver o acerto ele será genuíno, porque ele não será fruto do achismo ou do acaso, mas uma escolha deliberada e voluntária, e isso é o que eu consigo concluir como agir em verdade.

E você? Qual é o modelo de verdade que você preza? Pelo que você está disposto a agir? Qual é a convicção que você tem naquilo que faz? Seja no relacionamento, trabalho, estudo, etc.